O som do monjolo da ‘casa’ da farinha já foi, durante anos, similar ao badalar dos sinos nas madrugadas de
infância. Ao amanhecer, o resultado do trabalho de uma das primeiras máquinas utilizadas pelo homem para
ajudá-lo em suas tarefas manuais podia ir à mesa. Para começar o dia, farinha
de milho em flocos com leite recém tirado da vaca já nos fortalecia – penso que
se houver comparação há o sucrilhos com leite.
No almoço, a farinha de milho em biju muitas vezes
era o prato principal, de sabor inesquecível. Sabe frango caipira cortado em
pedaços, temperado e preparado na panela de ferro, na brasa do fogão a lenha? Então.
Depois de estar ao ponto, dourado, com caldo espesso e um perfume de ervas que se somavam aos da
brasa (frango de vó mesmo, que, inclusive, eu ajudava a torcer o pescoço e
depenar), o biju era acrescentado em doses moderadas. Assim, a farinha não
perdia a crocância e o caldo mantinha o sabor.
Como guarnição, a farinha de milho se transforma em
iguaria com couve refogada (farofa de couve); com lâminas de alho e ovos pouco
mexidos para preservar alguns nacos (farofa de ovos); com repolho bem
laminado.....
Nunca mais vi um monjolo realmente usado no
dia a dia. Os estabelecimentos do patrimônio intangível da culinária local do
Paraná nos quais vivi intensamente a infância com a respectiva alimentação
local ficaram para trás, como artigo decorativo.

