Chegados à Ilha de Santa Catarina, eles descobriram, no fundo da baía, fartas colônias de moluscos que em muito se pareciam aos do outro lado do Atlântico. Com isso, nas terras catarinenses vôngole não é vôngole. É berbigão. Tem sido assim chamado desde que os primeiros açorianos lá se estabeleceram e assim o batizaram.
E dele fizeram ingrediente fundamental para os dias em que o vento leste revirava o mar e impedia os pescadores de sair em busca de peixe. Cabia às mulheres, naquela ocasião, garantir a refeição, catando os berbigões enterrados no lodo. Com eles, preparavam ensopados. Mas, a exemplo de outros insumos de fácil captura e encontrado em abundância, durante décadas, foi ingrediente pouco valorizado.
Não fossem os italianos (mais precisamente os napolitanos desembarcados em São Paulo) terem trazidos na bagagem suas tradições gastronômicas e a recordação de pratos elaborados com um típico marisco do país da bota, talvez nossos berbigões não tivessem hoje disponíveis às mesas de todos os estados do Brasil. Mas memória afetiva envolvendo italiano mais alimentos in natura (atualmente já parte da Arca do Gosto), de boa procedência e tratados como se fossem para compor o prato do seu dia a dia, já é sinal de qualidade.
Então, foram em busca de ingrediente similar ao que chamavam de vongola (tradução de Ostra, também 'sinônimo' da família da máfia italiana mais poderosa do mundo) e encontraram o nosso mais do que amado berbigão. Para alguns, mudou de nome, mas, estando na concha, com sabor similar e possibilidades ímpares de preparo, nunca deixará de ser o nosso autêntico molusco catarinense.
Profissionalismo acarreta maior reconhecimento do
berbigão e maximiza presença nas mesas do país
A busca por produtos que tenham a garantia de qualidade de produção e o fomento ao extrativismo formal é questão de saúde pública, já que se trata de um molusco perecível, que necessita de higienização adequada e o consumo feito no prazo de validade indicado, no caso dois dias após serem colhidos. Por isso, o Selo de Certificação Federal (S.I.F) se faz de fundamental importância, quando se trata da procedência do delicado ingrediente.
E dele fizeram ingrediente fundamental para os dias em que o vento leste revirava o mar e impedia os pescadores de sair em busca de peixe. Cabia às mulheres, naquela ocasião, garantir a refeição, catando os berbigões enterrados no lodo. Com eles, preparavam ensopados. Mas, a exemplo de outros insumos de fácil captura e encontrado em abundância, durante décadas, foi ingrediente pouco valorizado.
Pastel com recheio de bebigão refogado |
Fato é que cerca de 90% da produção nacional desses moluscos se concentra no estado de Santa Catarina (SC), e as principais cidades produtoras são Florianópolis, Governador Celso Ramos, Bombinhas, Penha, São Francisco do Sul e Palhoça.
Status Não fossem os italianos (mais precisamente os napolitanos desembarcados em São Paulo) terem trazidos na bagagem suas tradições gastronômicas e a recordação de pratos elaborados com um típico marisco do país da bota, talvez nossos berbigões não tivessem hoje disponíveis às mesas de todos os estados do Brasil. Mas memória afetiva envolvendo italiano mais alimentos in natura (atualmente já parte da Arca do Gosto), de boa procedência e tratados como se fossem para compor o prato do seu dia a dia, já é sinal de qualidade.
Então, foram em busca de ingrediente similar ao que chamavam de vongola (tradução de Ostra, também 'sinônimo' da família da máfia italiana mais poderosa do mundo) e encontraram o nosso mais do que amado berbigão. Para alguns, mudou de nome, mas, estando na concha, com sabor similar e possibilidades ímpares de preparo, nunca deixará de ser o nosso autêntico molusco catarinense.
Profissionalismo acarreta maior reconhecimento do
berbigão e maximiza presença nas mesas do país
O sabor inigualável, o desejo de tê-lo às mais variadas mesas também está proporcionando o profissionalismo do segmento (dos cultivos formais à busca da oficialização dos catadores informais). Assim, para que estas delícias estejam presentes à mesa nas próximas décadas temos, todos, de nos esmerar em apoiar a formação de cooperativas para que os especialistas do mar se tornam, também, especialistas na arte de preservar este quitute de sabor inigualável.
Incentivo aos catadores informais por meio de cooperativas Há de se ter, em breve, o incentivo aos catadores informais por meio de cooperativas, que agreguem ainda mais valor ao estado e melhor qualidade de vida social e financeira aos pescadores artesanais, que dedicam suas vidas para colher os 'frutos' das mais deliciosas maravilhas do oceano.
Incentivo aos catadores informais por meio de cooperativas Há de se ter, em breve, o incentivo aos catadores informais por meio de cooperativas, que agreguem ainda mais valor ao estado e melhor qualidade de vida social e financeira aos pescadores artesanais, que dedicam suas vidas para colher os 'frutos' das mais deliciosas maravilhas do oceano.
Receitas diversas
Decorrente da expressiva presença dos italianos em solo brasileiro, uma das receitas mais conhecidas é o espaguete ao vôngole (Spaghetti alle vongole).
Mas a utilização é ampla, assim como os sabores díspares.
Mas a utilização é ampla, assim como os sabores díspares.
Pirão de berbigão |
Receitas:
Pirão de Vôngole
O primeiro passo é fazer um refogado com os vôngoles. Para
tanto, faz-se necessário escaldar um bom tanto dos moluscos, tirá-los da casca,
para que o pirão ganhe corpo e ainda mais sabor dos vôngoles.
1 kg de vôngole cozido e sem casca
½ kg de vôngoles vivos, com casca
1 cebola picada
4 dentes de alho picados
1 maço de alfavaca rasgada
Azeite
2 tomates sem sementes
1 xícara de molho sugo (refogado de tomate concentrado)
Para o pirão:
1 xícara de farinha de
mandioca
cerca de 1 litro de água quente
Sal a gosto
Modo de preparo
No fogo médio,
refogue a cebola e o alho no azeite até murcharem. Coloque o tomate salteando-os
rapidamente. Coloque o molho sugo e a alfavaca mais uma xícara de água fervente. Acrescente o berbigão com casca. Quando as conchas estiverem abertas, junte os já livres delas, a alfavaca e
mais uma xícara (chá) de água. Acerte o sal e deixe ferver.
Paralelamente, faça o pirão.
Em uma travessa, demolhe a farinha na água quente com um foie, desmanchando todos os grumos de farinha. Leve ao fogo, deixe engrossar sem parar de mexer por cerca de 15 minutos (a exemplo de um angu). Acerte o sal. Se desejar mais ralo, acrescente mais um copo d'água.
Em uma travessa, demolhe a farinha na água quente com um foie, desmanchando todos os grumos de farinha. Leve ao fogo, deixe engrossar sem parar de mexer por cerca de 15 minutos (a exemplo de um angu). Acerte o sal. Se desejar mais ralo, acrescente mais um copo d'água.
Sirva o pirão num prato regando o refogado de berbigão por cima.
Finalize com salsinha picada
Patê de vôngole
Arroz de vôngole
Ingredientes:
1 xícara de vôngole
cozido e picado na ponta da faca
1 dente de alho amassado
cerca de 100 ml de azeite
1 dente de alho amassado
cerca de 100 ml de azeite
½ xícara de chá de
salsinha picada
½ xícara de nata
½ xícara de nata
2 colheres de
iogurte natural
Raspas de meio
limão galego, ou de 1 limão siciliano
Modo de preparo:
Primeiro misture a
nata, o iogurte, o alho moído e as raspas de limão. Agregue, aos poucos, o
azeite até todos os ingredientes incorporarem e o creme homogêneo. Misture o
vôngole, a salsinha, acerte o sal e a pimenta do reino.
ProntoArroz de vôngole
Ingredientes
500g de vôngoles limpos e sem casca (abri-los no vapor, com a panela
tampada)
suco de um limão 1 colher (sopa) de azeite 1 cebola picada 1 xícara de arroz 1 colher de açafrão da terra 2 colheres de manteiga 2 cebolas bem picadas 4 colheres de uva-passa branca, sem sementes 1/2 copo de vinho branco seco 1 colher de farinha de trigo 200 ml de nata fresca
½ litro de caldo de legumes
1 maço de salsinha bem picada
Modo de preparo:
Tempere os vôngoles com o suco de limão e deixe tomar gosto por pelo
menos 20 minutos. Enquanto isso, aqueça o azeite, doure a cebola e, em
seguida, coloque o arroz, deixando-o fritar rapidamente.. Adicione o caldo de
legumes quente e o açafrão. Abaixe o fogo e cozinhe o arroz até secar o
arroz. Reserve.
Numa panela, aqueça a manteiga, doure a cebola, junte os vôngoles e refogue-os, mexendo de vez em quando, para que não grudem no fundo da panela. Junte uva-passa, o vinho e cozinhe em fogo baixo por 5 minutos. Adicione a farinha de trigo aos poucos e mexa até engrossar. Desligue o fogo, junte o cheiro-verde e a nata.
Agregue o arroz e misture delicadamente.
Reserve alguns vôngoles na casas para finalizar o prato
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Berbigão na Arca do Gosto, catálogo mundial que identifica, localiza, descreve e divulga sabores quase esquecidos de produtos ameaçados de extinção, mas ainda vivos, com potenciais produtivos e comerciais reais.
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