domingo, 9 de fevereiro de 2014

Ovas de peixes proporcionam sabores inesquecíveis



Farofa à italiana - com  pão tostado, ovas de robalo, verdes, cebola ...+ AMOR
Ovas de abrótea salteadas no azeite
 
Ovas de peixes diversos merecem cuidados específicos em suas preparações. As primeiras que degustei foram  as de tainha (há uns longínquos 28 anos) elaboradas à perfeição por tia Marlene Catta Preta. Retiradas frescas da barrigada do peixe eram temperadas com sal e  pimenta, e salteadas no azeite.  Ao lado de minha companheira de então, Karla, devoramos uma delas. Após a primeira mordida sentimos uma doce iluminação. (Na doce ignorância adolescente supúnhamos que fossem bananas fritas à milanesa a nos alimentar antes da 'segunda queda' no mar de Ipanema/PR). À época  éramos esportistas semiprofissionais, surfe e corrida, e foram anos inesquecíveis. Sempre famintas, entre café da manhã e almoço havia uma refeição para garantir mais força para enfrentar o mar novamente. Entre glórias e desilusões - mas nunca em se tratando de gastronomia, graças à Tia Marlene (minha segunda mãe) que me apresentou a um mundo novo, de sabores e saberes no que tange à alquimia das panelas. Uma inspiração para minhas futuras (e atuais) audácias na cozinha que me impulsou  a desvendar receitas, compartilhá-las e  jamais  deixarem se perder no tempo. Neste momento especial em que vivo, respiro, penso, cultivo (literalmente) e coloco em prática minhas habilidades, que se não somadas a de parceiros de vida não resultarão em delícias celebradas sempre  que nos encontramos.   Por isso, agradeço aos mais  do que amados amigos companheiros de vida Taís (Maria de Zimbros, com habilidades sem fim para preparar quitutes); Rodrigo (com seus estudos para aprimorar fermentos naturais elaborando cervejas artesanais e pães); Luzinha (companheira de estudos gastronômicos da Vila Ida, nosso outro paraíso; dona Benta, que sempre nos presenteia com delícias que só aqui, neste canto, podem ser preparadas.... enfim, parcerias essenciais).
Ovas de peixes diversos - Em tempos atuais, as ovas de peixes diversos - abrótea, tainha, robalo, pescada.....se tornaram iguarias se executadas de forma correta. Não podem ressecar. Então, se for para uma farofa, como a preparada para rechear o próprio peixe, um pré-cozimento é necessário. Depois, basta agregar aos demais ingredientes da farofa de Miga. Para degustar pura, num inesquecível antepasto, a de abrótea pode ser temperada com sal e pimenta e salteada no azeite, como a preparada por Taís (Maria de Zimbros, da Pousada Zimbros. 
Robalo grelhado com recheio de miga de ovas de peixe
 Farofa de ovas de robalo - Para esta receita, que se tornou recheio do pscado e também acompanhamento da refeição, a farofa teve como base uma tradição italiana: pães 'dormidos', levemente torrados. Depois triturados com verdes (cebolinha e salsinha), cebolas douradas no azeite, sal, pimenta fresca  picada, alho moído e azeite de oliva o quanto baste.
Modo de Preparo:
Aquecer o azeite em uma panela de fundo grosso. dourar três ou quatro dentes de alho. Agregar os talos da salsinha picados finamente e, em seguida, os pães torrados (moídos levemente com as mãos). Deligue o fogo e triture num mixer, preservando pedaços. Volte à panela, agregue as ovas cozidas e desmanchadas com as mãos. Acerte os temperos e agregue cerca de uma colher de farinha de mandioca. Se for preciso, coloque mais azeite para que preserve a umidade.

Esta farofa foi o recheio do robalo grelhado e também guarnição de uma refeição.  
Ovas de Abrótea
Ingredientes
2 pares de ova de abróteas
água para ferver
sal e pimenta do reino
Azeite de oliva para selar mais um naco de manteiga para selar
Modo de Preparo:
Em uma panela coloque a água, o sal e as ovas para escaldá-las por, no máximo,  4 minutos, virando-as com frequência. Escorra a água e reserve (se desejar incrementar o prato com um molho de estragão seco, será perfeito). Em uma frigideira aqueça o azeite e a manteiga. Na sequência, sele as ovas de abróteas em ambos os lados.

 
Ovas de Pescada assadas na folha de bananeira Em Zimbros, o inusitado sempre ocorre. Prestes  a preparar iscas de peixe da Benta pra matar a fome, lá vem ela, com seu eterno sorriso, nos entregar um banquete para o almoço: ovas de pescadas, enroladas em folha de bananeira e grelhadas no seu sagrado fogão a lenha. Amém.

Bottarga, o caviar brasileiro

 
Há poucos anos as tainhas eram nacionalmente conhecidas nas pescas tradicionais realizadas em grupos de pescadores e ajudantes, que sempre são beneficiados com um dos peixes capturados. Já as  ovas de tainha defumadas -  conhecidas como o 'caviar brasileiro'  se tornaram ingrediente gourmet, largamente importada por   italianos e gregos, que compram o que está disponível de ovas,  para levar para o exterior. Muitos barcos, após a captura do peixe, retiram somente  a ova e jogam o que restou no mar. Em alguns casos, pescadores retiram na praia a ova e dão de presente o peixe sem a sua preciosidade.  Ainda pouco conhecida no Brasil, a Bottarga, que é a ova da tainha curada, é tradicional na Itália e em outras regiões do mediterrâneo.
Reconhecida pelos melhores chefs do mundo, é uma iguaria versátil que empresta sabor único a pratos com seu sabor sofisticado. Fatiada para aperitivo ou ralada para ser salpicada em massas, molhos, ovos, saladas e no tradicional risoto. Este caviar brasileiro, agora  é produzido em Itajaí pela empresa Bottarga Goldwww.bottargagold.com.
 
 
 

 

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