segunda-feira, 18 de junho de 2012

O verdadeiro sabor da anchova e onde estão nossos lâmbaris?

Acciughe infarinate e fritte

mercado de peixes de Spezia

Aqui está outra receita clássica da Ligúria, mais precisamente de Gênova: anchovas fritas. Capturadas em abundância ao longo da costa da Ligúria, estes pequenos peixes são servidos de formas diversas em grande parte dos restaurantes locais. Mas a que mais apreciei foram as anchovas fritas, empanadas na farinha de trigo e douradas rapidamente no azeite de oliva, acompanhadas por uma salada fresca  (Acciughe infarinate e fritte). 
Uma delícia que não sai da memória. Para mim, que só me recordo do sabor das anchovas em conserva, que se sobresai por demais, este prato é uma iguaria!!!! Melhor que este, apenas os lambaris fritos, pescados nos rios pelo meu amado pai (Carmelino Basso) e seu companheiro Raimundo Lunardon (já falecido em 2009), que pescava os pequenos peixes e os vendia sob encomenda!!! Onde estão os pescadores de lambaris?
Derrame de anchovas Cetara

Na história da gastronomia italiana, há outra iguaria tradicional preparada com anchovas: o Cetara - líquido de cor âmbar produzido por um processo convencional de maturação das anchovas em uma solução de água e sal. Após cerca de  5 meses, o líquido que sai do furo no fundo do recipiente é recolhido e utilizado como um condimento, particularmente adequado para massas e legumes. Atualmente, há um grande esforço, encabeçado por renomados chefs do País e por representantes do movimento Slow Food, para preservar a tradição de elaboração da Anchova Cetara, na Costa de Amalfi.

Nas receitas tradicionais, o produto é degustado com pastas (espaguete, linguine, talharim) cozidas em água sem sal. Em um  molho elaborado com alho, salsa, pimenta vermelha fresca e alguns tomates, uma colher grande de molho de anchova é servido para cada comensal e finalizado com azeite extra-virgem. Após o cozimento da massa, este molho, sem cocção, é adicionado e servido.
 

domingo, 17 de junho de 2012

Faça do limão.....uma marmelada!!!!!


Marmelada de limão do Il Borgo Della Colomba
Na história da culinária, o registro é o de que a marmelada se trata de uma especialidade da doçaria regional portuguesa elaborada a partir do marmelo cozido com açúcar, em partes iguais, com o objetivo de conservar o fruto. Em reportagem elaborada pelo jornalistaDias Lopes (revista Gosto), que retrata como ninguém, os alimentos e respectivas histórias, ele revela que “Pedro Álvares Cabral transportou o doce na expedição de descoberta do Brasil. A 26 de abril de 1500, após a celebração da primeira missa em território nacional, havia marmelada no jantar servido a bordo da nau capitânia. Foi a primeira sobremesa consumida no país”
Na Itália, as lembranças da minha infância são rememoradas a cada instante, já que me recordo da minha avó preparando marmelada  - que também designava doces ou geléias elaboradas com as frutas da estação – para servir com pão e torradas. Desta feita, após executar o Limoncello, os bagaços do limão se transformaram numa linda marmelada de limão!!!!!
Ingredientes para a marmelada de limão ‘siciliano’
- 5 kg de limão siciliano, descascados, e livres de todas as partes brancas externas e internas do fruto, que proporcionam um sabor amargo à marmelada. Extrair o quanto pode as sementes. As que restarem podem ser retiradas durante o cozimento;
- 1 kg de açúcar;
- 100 ml de água;
Nacos do fruto cozinham lentamente
Modo de preparar
- descascar os limões, extraindo todos os nacos branco;
- cortas em gomos e retirar o maior número de sementes que conseguir
- colocar em uma panela grande fundo grosso e cozer, em fogo baixo, por 1h30, mexendo regularmente;
Limões 'sicilianos' descascados, limpos e cortados
- adicionar 1 quilo de açúcar, mexer bem e deixaer cozer por mais 1h30 com a panela semi tampada;
- a marmelada vai encorpando e adquirindo consistência;
Obs.: um grande segredo para saber se está no ponto de marmelada é colocar uma colher do doce em um prato e deixá-lo escorrer. O ponto correto é quando a marmelada forma ‘lágrimas’ expeças e não liquidas que escorrem pelo prato.
- Deixar esfriar e condicioná-los em pequenos frascos esterilizados. Fechar e manter em um lugar com pouca luz.    

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Limoncello....VERO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Desvendar os ingredientes que fazem os banquetes italianos do dia a dia incomparáveis não é tarefa fácil, já que, ao piscar de olhos, uma pitada a mais de algum ingrediente que não consta na receita escrita é adicionada. Afinal, como reza a lenda do país, as iguarias executadas na região em questão são sempre melhores do que as elaboradas na vizinha. Desta feita, antes do almoço, tive o prazer de poder fazer um limoncello, mas.. “de verdade, não como o que fazem por aí”, como a querida Cris (do Il Borgo Della Colomba) fez questão de enfatizar!!!! Não é uma bebida que aprecio, mas investigar o processamento dos alimentos desta península me fascina, e prepará-los ainda mais.
Para o Limoncello da ocasião teve um porém: os limões eram da Sicília. “Não são como os cultivados na Toscana”, outra ênfase, desta feita de Gianni. Mas o fato é que os daqui ainda não estão maduros suficientes. Então, o que fazer¿ Vamos aos sicilianos!!!! Basta ter a certeza de que não são realmente tratados com pesticidas ou fertilizantes químicos.
Ingredientes para 2 litros de limoncello:
- 5 kg de limão siciliano (só usará as cascas deles – cuidar para que,durante o processo, as partes brancas do limão sejam eliminadas);
- 5 litros de álcool – 95 °
- 5 kg de açúcar
- 5 litros de água
Modo de preparar 
- Lavar bem os limões e secá-los
- retirar a casca delicadamente e separar. Este processo deve ser rápido, já que as cascas não devem preservar a unidade
- em um frasco grande, opaco, colocar a casca e cobrir com o álcool
- Tampar e embrulhar o frasco em papel alumínio para preservá-lo da luz;
- manter, em local úmido e escuro por 10 dias
Obs.: sacudir o frasco ocasionalmente. O álcool vai se torna cada vez mais amarelo e a casca de limão cada vez mais clara;
- passado este tempo, dissolver o açúcar na água, fervê-lo em fogo baixo até formar um xarope 
- Desligue tudo e deixe esfriar
- Misturar a calda com a casca macerada
- O limoncello já está pronto para ser filtrado filtrar com o auxílio de uma peneira e outro recipiente grande.
- colocar em garrafas bem polidas e vedá-las posteriormente.

sábado, 9 de junho de 2012

Sgabei: 'Viver é Massa'!!!


Cris e Gianni - dupla de cozinheiros 
(cuochi doppio) e Max, ao centro, grande ajudante. 
 Foto: amiga Gabi

Pratos autênticos da Toscana (Itália) trazem, junto com seus sabores, a evidência de memórias do longo passado destas terras da península - dos antepastos à toda a seqüência de iguarias que são degustadas depois.  Mais uma das tradições culinárias da região é o Sgabei (ou Panzanelle), que se trata não  mais do que uma massa similar à de pão ou pizza, que depois de sovada é cortada em retangulos (ou losângulos pequenos) e frita em azeite extra virgem. Servida com salames frescos, queijos ou apenas quente, salpicados com sal grosso, esta receita me faz lembrar no quanto a farinha pode se transformar. 
Sgabei de Gianni. Foto: amiga Gabi
Aqui, e na Ligúria, o Sgabei é colocado à mesa como antepasto ou servido nos Cafés espalhados pelas comunas sempre acompanhando uma taça de vinho. No Il borgo della colomba (http://www.ilborgodellacolomba.com/index.html) a delícia é servida prontamente aos que chegam ao sítio, já que é fácil de prepará-la e congelá-la em seguida.
Ingredientes
400 gramas de farinha de grano duro
20 gramas de fermento
Água morna – cerca de 1 xícara de chá para diluir fermento
¼ de xícara de azeite extravirgem para a massa
 Azeite virgem extra (para fritar – em imerssão)
1 pitada de sal
sal grosso para salpicar depois de frito
obs.: a massa deve adquirir textura de pão, para abrir com rolo, e depois ser cortada
Modo de preparo
Dissolver o fermento em água morna
Paralelamente, misturar a  farinha com o azeite;
Depois, agregar a água com fermento à farinha
Deixe crescer uma cerca de 1 hora
Em seguida, abra a massa e corte a massa in tiras retangulares, pequenas, com cerca de 5cm x 2,5cm;
Deixe descarsar mais cerca de 30 Minutos;
Depois frite em imerssão no azeite extra-virgem bem quente;
Retire o excesso de azeite em papel absorvendete espalhados;
Sirva imediatamente, bem quente, salpicado com sal grosso, com presento cru; nacos de parmesão; carnes frias

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Brusquetas de miúdos de coelho


Horrrrrrrrrrrrrrrrrroresssssssss à parte, os chegados em iguarias distintas do cardápio convencional, após a primeira mordida nem desejam saber de onde veio ‘tal coisa’, tanto é o sabor da delícia. Antes de se talhar o coelho (a exemplo de uma galinha), o fígado, moela e coração são retirados, lavados e finamente picados. Depois, em azeite extra virgem, salteados com cebola, alho, pimenta fresca - da boa, com semente -, sálvia fresca e, lógico, uma dose de um bom vinho branco seco. Depois, colocados como cobertura de uma bela fatia de pão italiano pré-aquecido. Punto e basta!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



domingo, 3 de junho de 2012

Coelho à mesa

coelho já pronto para ser degustado. Foto: amiga Gabi

Um roteiro com cheiro e sabor de campo no qual as horas do dia são lembradas pelos intensos  aromas que imperam nas vielas das aldeias da Toscana. Em Fosdinovo (Massa Carrara) não é diferente. Quando que se acorda, antes mesmo do trabalho, alguns ingredientes são colhidos, outros separados na geladeira e, após os afazeres no campo e o badalar dos sinos nos borgos vizinhos, rapidamente um cardápio de delícias é posto à mesa.
 E como hoje é domingo, não poderia ser diferente do Brasil. Os afazeres são executados ainda mais lentamente e as comidas ainda mais deliciosas. Então, vamos ao coelho, prato tradicional da região, seja preparado como ragú, salteado e cozido no próprio caldo, com legumes ou, ainda frito, como o típico ‘frango a passarinho’.
 Ingredientes
- 1 coelho de cerca de 1 quilo cortado pelas juntas
 - 2 cebolas cortadas grosseiramente
- 1 talo de salsão
- 1 cenoura cortada grosseiramente
- 1 punhado de sávia fresca
- 50 ml de azeite de oliva
- 2 dentes de alho cortados ao meio
- 1 colher de chá de pimenta fresca, picante, com semente
- 1 xícara de um bom vinho branco seco
- 1 punhado de azeitonas pretas pequenas
- 1 de chá de água quente
 Modo de preparo
- após cortar o coelho pelas juntas, separando a moela e fígado para a cobertura das brusquetas, temperar com sal
- Aquecer o azeite e dourar todos os nacos igualmente
- colocar o alho, pimenta, e, em seguida, a cebola, salsão e cenoura
- Adicionar o vinho, mexer bem para desprender tudo o que se prendeu na panela, pois isso agregará sabor e cor ao caldo. Em fogo baixo, deixar vinho evaporar
- acrescentar as azeitonas, deixar cozer um pouco mais – 5 minutos - para que exalem o sabor, e depois a água quente
- Tampar e deixar cozer por 30 minutos, mexendo de tempo em tempo.
Após este período, a carne estará tenra e macia.  Deixar descansar por 10 minutos.
Quando for servir, aquecer. Se estiver com caldo seco, colocar mais um pouquinho de água
Servir imediatamente.
Ah, não esqueça de reservar os miúdos, que serão transformados numa iguaria sem tamanho.

sábado, 2 de junho de 2012

O tempero bem aproveitado


 A gastronomia da Toscana é caracterizada pelo perfume dos temperos que proliferam pelos vasos, canteiros e hortas de todos os lugares por onde se caminha. As ervas frescas, cultivadas em lugares diversos, proporcionam a cada dia um novo sabor ao mesmo cardápio. A sálvia e o alecrim, de aromas inconfundíveis, são levados em maços para a cozinha e, a partir deste perfume, o menu é definido em minutos. Com isso, não há como não lembrar o quanto é relevante retomar ‘o caminho do pomar’ e colher o alimento que brota no quintal e levá-lo à mesa. A prática, que nunca se perdeu por aqui, no Brasil passou a fazer parte das varandas, pequenos espaços de terra e canteiros nas janelas de apartamentos e casas nos grandes centros urbanos.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Sabor de viagem....à horta


 À medida que o verão avança na Itália, as frutas da horta proporcionam cor e sabor aos doces. Morangos, maças e sucos de frutas diversas se transformam rapidamente em tortas e bolos, e levam à mesa um aroma de casa de mãe. Desta feita, um bolo energético. Isso quer dizer, uma mistura de manteiga, açúcar, ovos, farinha e suco de laranja. A palavra energética é decorrente das calorias, já que depois que se degusta um pedaço deste bolo – Piuma Cake – consegue-se andar rapidamente de Fosdinovo  à Roma, de acordo com  Gianni, que preparou ligeiramente estas iguarias, antes mesmo das 7h da manhã.
Para a receita de dois bolos:
- Manteiga
- Açúcar
- 8 ovos caipira
- farinha de trigo
- fermento biológico
- suco de laranja fresco
Misturar primeiramente os ingredientes secos e separar. Paralelamente, os ovos e o suco de laranja. Em um misturador de ingredientes, bater a manteiga, agregar os ovos e o suco, e lentamente, os ingredientes secos. Dispor em duas formas untadas com manteiga e polvilhadas com farinha de grano duro. Tirar o excesso de farinha. Distribuir a massa e assar até dourar por cerca de 20 minutos em forno quente a 180 C.
Torta de Maça sendo preparada

Torta de Maça

quarta-feira, 30 de maio de 2012

O pão é o protagonista da boa mesa toscana


Ao nascer do sol, o silêncio é delicadamente interrompido pelos sons de quem se organiza para o trabalho no campo. As mãos que se preparam para alimentar a terra pela manhã, à noite serão as mesmas que alimentarão quem está à mesa. Na Toscana,  cultura e história não faltam e vão para a mesa da mesma forma que andam e acompanham os agricultores enquanto cultivam suas delícias. Conversa nunca falta!!!
À noite, as receitas, simples e genuínas, feitas com poucos ingredientes que, sabiamente combinados entre eles, dão vida a pratos únicos e incomparáveis no sabor. E o protagonista da boa mesa toscana é o pão, preparado com farinha de grano duro, água, fermento e mel, e  lógico que sempre acompanhado de um nato azeite extravirgem.
Para esta noite, além de 6 belos pães que irão nos alimentar nos próximos dias, uma deliciosa pizza preparada com a mesma massa, aberta em formato oval e coberta com sugo aqui preparado, pepperoncino, pequenas azeitonas pretas e um delicioso queijo distribuído em pequenos nacos – nada em exagero, mas na medida exata. Obrigada Gianni (http://www.ilborgodellacolomba.com/index.html) por mais esta bela refeição!!!

domingo, 6 de maio de 2012

Carpaccio de salmão da Sorte


Nada mais acalentador do que um jantar especial, elaborado a oito mãos, numa noite de sábado, outono,  de lua cheia. Para o encontro, a habilidosa Mari preparou as entradas, ressaltando o sabor do salmão defumado, com pequenas alquimias e alguma paciência. Para o  carpaccio ganhar crocância, Mari usou brotos da sorte (lindos trevos), que iluminaram ainda mais a noite. Para a marinada,  óleo de gergelim, sementes de gergelim e gengibre. Obrigada, Mari e Rafa!!!!!
 Ingredientes
- 1 embalagem de 200 gramas de carpaccio de salmão defumado
- 1 punhado de brotos de trevo – o suficiente para cobrir as lâminas de salmão
- gengibre ralado, cerca de uma colher de chá
- óleo de gergelim ( cerca de 3 colheres de sopa)
- Shoyu (cerca de 2 colheres de sopa)
- azeite de oliva
- sal grosso ralado (para a ocasião, flor de sal)
- Cebolinha verde bem picada
- sementes de gergelim salpicadas na finalização
Modo de fazer
- Basta dispor, com cuidado, as lâminas de salmão, intercalando com os brotos de trevo e temperar, com moderação, todas as camadas. Sem exagero, salpicar um pouco de cada ingrediente entre as camadas.
- Cobrir com  papel filme e deixar marinar por 15 minutos na geladeira.
- Salpicar com sementes de gergelim e cebolinha verde e servir.
Simples e delicado, como só Mari saber ser.